21/11/2009

Bradesco: Brasil vive revolução de inclusão social. Será sociedade de consumo como a americana(Estados Unidos)

Saiu na Folha de São Paulo (*), pág. B7:

Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, diz, ao inaugurar uma agência na favela de Heliópolis (o Bradesco chega a Heliópolis antes dos serviços sociais básicos da administração demo-tucana…):

“Quando os pobres se transformam em consumidores, você passa a ter uma revolução silenciosa.”

“E essa pobreza que vira consumidor, graças à mobilidade social, é o que faz com que os shopping centers de classe mais elevada estejam repletos de consumidores ao mesmo tempo em que uma José Paulino e uma 25 de março (ruas de comércio popular) estão pulsando no comércio de baixa renda.”

“Nos próximos anos, vamos provar ao mundo essa capacidade de inclusão social.”

“O Brasil vai ficar marcado na história pela repetição daquilo que foi, no início do século passado, a emergência da sociedade de consumo americana.”

“ … essa população (brasileira) vai se estabilizar em 250 milhões de habitantes quando a renda per capita estará por volta de US 14 mil, nível dos países europeus.”

A elite branca, conservadora e separatista (porque detesta os nordestinos de Heliópolis) de São Paulo tem medo dessa inclusão social – a marca do Governo Lula.

O Trabuco, mais esperto que a elite, percebeu que esse trabalho de inclusão social do Lula é uma forma de criar uma próspera sociedade capitalista de massa, que se sustenta na classe média – e, portanto, precisa de banco para continuar a crescer.

Se a elite branca e separatista de São Paulo fosse tão esperta quanto o Trabuco, perceberia que o Bolsa Família é uma plataforma para criar consumidores de uma sociedade capitalista de massa, apoiada na classe média.

Se a elite branca e separatista fosse tão esperta quando o Trabuco, financiava o Bolsa Família, o ProUni, o Luz para Todos, a universalização da banda larga (porque, com banda larga, fica mais fácil movimentar a conta no Bradesco) …

O Trabuco já entendeu.

Como a Alzirinha, filha do Getulio.

Conta-se que Alzirinha, uma vez, ao ouvir que o pai dela era chamado de “pai dos pobres”, ela respondeu:

“E mãe dos ricos”.

Só quem não ganha – e finge que não vê – com essa revolução silenciosa e a consequente inclusão social (e “banquerização” dos pobres) é o PiG (**).

Porque o PiG, esse, nem a nova classe média salva.

O PiG vai morrer.

E, ao descer ao túmulo, dirá: bye-bye Serra 2010 !

Em tempo: por que a Folha (*) publica a entrevista do Trabuco num sábado, quando se lê jornal menos ainda ?

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Em tempo 2: o Trabuco, mais esperto que a elite branca e separatista de São Paulo, também já percebeu que vai crescer por nichos, e na periferia. Outro dia, o Santander abriu uma agência no Complexo do Alemão, aquela favela do Rio de que o jornal nacional gosta tanto. E o Brasil vai crescer fora de São Paulo. Clique aqui para ler o que o jornal nacional ignorou: a duplicação da Ford na Bahia.

Pergunta: quantos exemplares da Folha (*) os operários da Ford em Camaçari lêem por dia ? Dois, três ou nenhum ? E quantos acessam o Conversa Afiada, via banda larga ? E clique aqui para ler como a participação de São Paulo no bolo do PIB brasileiro declina consistentemente.

Texto publicado originalmente no blog CONVERSA AFIADA